domingo, 24 de agosto de 2014

Abadá Botucatu - InterUnesp 2014 - parte 2

Gostaria de, antes de continuar falando sobre o processo, mostrar como eram as personagens no começo e como elas ficaram.








E agora voltando ao abadá.
Bem, com a arte definida, comecei a esboçá-la em um modelo para ter noção de como ficaria. Além disso, comecei a testar tipografias e cores para tentar criar uma composição interessante.





Utilizei do contorno branco nas escritas para criar uma uniformidade. A frase "O bom filho da casa torna" foi uma ideia minha e que ilustrava bem o conceito por trás da arte. Além disso, nota-se que eu tentei usar de degradês para ver se o efeito das escritas se tornava mais atraente.
Enviando para eles, recebi o feedback de que a ideia estava ficando legal, porém não gostaram da frase. Eles queriam algo como "de volta às origens".



Não sei se alguém está se perguntando "mas por que a ideia do azul nas escritas"? Bem, é que resolvi testar um conceito de cores chamada complementares, que se caracterizado pelo uso de cores opostas no círculo cromático. Isso cria uma tensão visual bem interessante. No exemplo superior esquerdo, é o abadá com a arte original (personagens mais ao fundo e pequenos, um pouco distantes do primeiro plano), e a do canto superior direito é a arte em que eu trouxe as personagens para um plano mais próximo.
Enquanto fazia essa etapa, a Bia me enviou como eles queriam que fosse feita a parte das costas do abadá: a imagem de uma tocha que, segundo ela, está nos abadás todos os anos.


Como eu não tinha a fonte da imagem superior direita (que é a original), tentei recriar a escrita vetorizado por cima da imagem de referência e depois aplicando um efeito de arco. Porém, nota-se que ficou bem algo bem meia-boca, já que o "Botuca" está escrito em um tipo de fonte, e o "2014" de outro tipo. Seguindo, eu fiz o da esquerda, que utiliza a fonte das escritas da frente do abadá, sempre tentando manter a uniformidade da arte.
Novamente, seguiu-se o feedback: eles queriam, segundo a Bia, que a tocha fosse menor e mais na altura do final da lombar, e também que a frase "em Botuca a gente bota pra fudê" estivesse presente junto a tocha, em algum lugar; e, por fim, que a fonte de TODAS as escritas, incluindo a frente, fosse a mesma em que "Inter" se encontra escrita no interior da chama.



Fiz esses dois exemplos para eles terem uma ideia de como gostariam da escrita, de algumas varições possíveis na disposição do texto. O da direita foi o escolhido, e isso me fez criar um molde "quase" final do abadá. Tentei mostrar para eles como a ideia do azul ficaria, caso eles quisessem:

Contudo, apesar de terem respondido que estava perfeito dessa maneira, pediram uma última alteração: que a cor das escritas fossem pretas. Acharam que o azul não combinou, o que, por fim, eu tenho que concordar, já que, se eu não poderia mudar a cor da escrita no interior do fogo para algum tom de azul, tampouco faria sentido criar outra linha de cor para os outros textos do abadá. Além disso, perguntaram se era possível fazer um degradê no próprio laranja da regata. E assim o fiz.


Com isso, o meu trabalho estava concluído. Bom, era o que eu pensava, né? Hahahahaha! A Bia me enviou um último pedido (dessa vez, era último mesmo!). Ela me encaminhou um link por inbox com uma imagem de um abadá e perguntou se era possível fazer uns efeitos de "feixes de luz" por trás da arte, algo bem genérico nesse tipo de arte (para abadás, quero dizer). E este foi o resultado final:


E assim, gente, termino esse longo e cansativo post. Obrigado aos que acompanharam até aqui. Sei que ler é uma coisa não muito prazerosa na maioria das vezes, mas eu sempre achei muito interessante conhecer o processo de como são coisas, e acho que alguns também devem pensar o mesmo. Tentei intercalar com imagens para que não ficasse muito exaustivo.
Ah! Vale uma dica para quem pensa em trabalhar com estamparia ou que necessite desse serviço algum dia: o degradê é um artifício esteticamente útil e prático para se usar. Porém, a gráfica que for imprimir a arte com degradê, principalmente os que possuem uma transição de cores muito diferentes (como degradê de cores complementares, por exemplo), tem de ser MUITO boa, porque senão o resultado será bem porco. As cores vão ficar divididas por linhas, como se fosse um estudo de tonalidades, sabe? Algo semelhante a uma impressão-teste de baixíssima qualidade.
Então, lembrem-se: Se forem usar degradê, tenham conhecimento de um lugar de alto nível de impressão para realizar o trabalho. Imprimam um modelo piloto da arte e testem sua qualidade antes de enviar o arquivo final para a gráfica.

Abraço a todos, e um ótimo domingo.


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